segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Não é que eu seja apaixonado pela música brasileira simplesmente pelo fato de ela ser brasileira. É que ela é a melhor música do planeta, graças a gênios que quase todos os brasileiros não reverenciam. Por descaso alguns e por ignorância outros. Vejamos um exemplo clássico. Chico Buarque escreveu e Francis Hime musicou. "Quando olhaste bem nos olhos meus/E o teu olhar era de adeus/Juro que não acreditei/Eu te estranhei, me debrucei/Sobre o teu corpo e duvidei/E me arrastei, e te arranhei/E me agarrei nos teus cabelos/Nos teus pelos, teu pijama/Nos teus pés..."Afora as figuras de linguagem, vemos aí um show de polissínteto e de anáfora. Porém, o mais interessante e fantástico é que mais ou menos um ano e meio depois, o mesmo Chico, ainda musicado pelo Francis, retorna com outra canção que é o segundo episódio do drama contado no primeiro."Quando você me deixou meu bem/Me disse pra ser feliz e passar bem/Quis morrer de ciúme/Quase enlouqueci/Mas depois como era de costume obedeci/Quando você me quiser rever/Já vai me encontrar refeita/Pode crer/Olhos nos olhos, quero ver o que você faz/Ao sentir que sem você/Eu passo bem demais... " São coisas de gênios e não por serem catedráticos. Examinem Cartola, que só tinha o terceiro ano primário. Examinem Hermínio Belo de Carvalho, examinem Cornélio Pires e seu trabalho de música sertaneja. Mas o brasileiro prefere as músicas mexicanas e paraguaias,cantando em duplas como faziam Cascatinha e Inhaña ou Zé e Zilda, um com voz grave e outro com voz de mulher, repetindo a mesma porcariada que o Trio Los Panchos e Minguel Aceves Mejia descarregaram no Brasil na década de 50. E ainda há quem faça apologia disso...

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