sexta-feira, 20 de julho de 2012

Contou-me o meu filho Afonso Henrique que ele assistia a um programa na TV em que a entrevistada era uma das filhas de Chico Buarque de Holanda. Dizia ela que estava na praia de Copacabana quando um pretinho, trazendo com ele  uma vassoura e uniforme de gari, passava próximo a ela e cantava músicas de Chico Buarque, exatamente que não fizeram sucesso, como Mano a Mano e O Corsário. Surpresa, ela se aproximou dele e perguntou: "Você sabe de quem são essas músicas?". Ele respondeu;"Claro. Do Chico". Ela então perguntou: "Você gosta das músicas dele?" Ele respondeu:" Sou pobre, mas não sou burro.Gosto dele, do Tom Jobim..." e começou a dançar, como se o instrumento de trabalho fosse a dama, e a  cantar:"Molha tua boca em minha boca/ A tua boca é meu doce, é meu sal/ Mas quem sou eu nesta vida/ Tão louca/ Mais um palhaço no teu carnaval ..." Naquele momento eu pensei: o Rio continua sendo a capital brasileira  da cultura. O Rio que acolheu a gaúcha Elis Regina; os mineiros Ataulfo Alves, Grande Otelo, Mauro Mendonça, Clara Nunes e  Ary Barroso; os baianos Dorival Caimy, Toquinho, Gal, Betânia, Simone, Caetano, João Gilberto  e outros; que gerou Cartola, Paulinho da Viola, Noel Rosa, Taiguara, Elizete Cardozo, Cacilda Becker, Dulcina de Morais, Fernanda Montenegro, a imortal Bibi Ferreira, Martinho da Vila, Silas de Oliveira e quantos mais! O Rio das cabrochas, da mistura de raças, da alma da alegria, porque a alma não tem cor, do futebol e do carnaval, de Copacabana e de Ipanema, de Janeiro onde começa o ano, mas também de dezembro quando termina, mas empurrando a vida de quem conhece  as favelas e seus  botequins, o samba e seu  gingado, a Guanabara e sua beleza, porque todos estão protegidos pelos braços abertos do Cristo Redentor. Viva o Rio de Janeiro, ainda arquivo vivo da cultura brasileira!

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