sexta-feira, 4 de março de 2016

Lembro-me bem que ao iniciar a minha vida de adolescente, eu era enviado pelo meu pai para estudar no Colégio Americano, em Vitoria-ES. Era a segunda experiência de um internato em instituição evangélica que, naquela época, não tinha, religiosamente, o populismo que se tem hoje. Havia muito rigor na disciplina e no próprio ensino. E recordo os desfiles de Sete de Setembro, obrigatório em razão do patriotismo. Lá estava eu, perfilado com meus quase três mil colegas de escola, com a parada obrigatória em frente ao palanque do governador Jones dos Santos Neves, instalado em frente ao palácio. Eu ouvia atentamente os discursos dessa ocasião. E lembro-me que, numa delas, ufanamente repetia o governador o grande poeta Olavo Bilac: " Não verás nenhum país como este/Criança, ama com fé e orgulho a terra em que nasceste". Eu arrepiava. Arrepiava porque acreditava. Hoje, vendo escorrer no tempo os últimos anos da minha vida, sinto vergonha dos meus arrepios. O que vejo é uma pátria ultrajada perante o mundo. Semelhante a um monte de lixo espalhado em que nem urubus querem tirar proveito, pois só existem ossos.Um país em que o seu governo é composto de crápulas e bandidos que se justificam fazendo críticas uns aos outros. Onde o jogo da senvergonhice e da vigarice se mistura para confundir o povo. Onde o que era mel ontem, hoje é merda. E vice-versa. Um país onde a avareza e o ganho fácil se juntam à traição de uns e de outros para formação de fortunas. Um país em que um cidadão comum se nega a depor perante a justiça por pensar ser Deus. Um país que, diante de tanta mediocridade, se torna motivo de riso em todo o planeta. E lamentável que o autor de tão bela poesia e o então governador do Espirito Santo tivessem a inversão de tão belos versos. Ainda bem que não estão mais aqui para ver. Gemem´somente nos túmulos. E o perigo roda toda essa maldição. O país agoniza economicamente. O país é vítima de uma das maiores catástrofes ambientais. Tudo ao mesmo tempo. Criticar o regime do militarismo? Não, nem a liberdade pode custar tão caro.O brigadeiro Eduardo Gomes disse, quando candidato a presidente da República, em 1945, que o preço da liberdade é a eterna vigilância. Este é o preço da liberdade. Não e a falência moral, política e econômica. E vamos torcer para que não tenhamos também a falência democrática, o que não está muito longe, tendo em vista as ameaças de um bandido chamado João Pedro Stédile e o fanatismo que faz enfrentamento quando se aglomera o povo nas ruas. E para encerrar, um pedido à polícia federam: venham em João Monlevade. Não precisa ser uma Lava Jato. Pode ser uma Lava Devagar. Mas venham, antes que seja tarde.

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