terça-feira, 26 de novembro de 2013

Pois é. O prefeito enviou um projeto de lei para a Câmara em regime de urgência, a Câmara votou tudo num só dia, primeiro, segundo e terceiro turno, aprovando, é claro, afinal o patrão mandou, e lá se foi mais um imóvel nobre do município correnteza abaixo. Mais de mil metros quadrados. Quase três lotes. Embutidos num preço fictício de R$400 mil. Quase o preço de um lote naquele local. Bairro Aclimação, um dos mais ou mais nobre da cidade. E eu não entendi o silêncio. Ninguém falou nada. Não tenho absolutamente nada contra a categoria de advogados. Até pelo contrário. Tenho bons amigos nela e o meu filho é advogado. Mas que calamidade. Doar uma área dessa para uma entidade que sempre esteve num espaço de 20 metros quadrados! Fazer uma doação sem qualquer interesse público de um bem que pertence ao povo! Veio-me a memória um fato: Carlos Moreira decide dar uma festa para os servidores da Secretaria de Obras. Dá a festa. Solicita os serviços de um som. Mais ou menos uma semana depois, chega o emprenho para que eu assine. Procurei saber, houve o serviço. Aí fiquei sabendo da festa que eu nem sabia. Assinei porque a dotação de som era da minha secretaria. A promotora ficou sabendo, requisitou os documentos e processou o Carlos Moreira, o Paulo Guimarães que era o secretário de Obras e eu que assinei o empenho. Improbidade administrativa. A juíza ouviu envolvidos e testemunhas. Deu a sentença. Considerou que não houve má fé mas que também não houve interesse público. Desqualificou a improbidade mas determinou que nós três, Carlos, Paulo e eu, devolvêssemos o dinheiro para a prefeitura. Aconteceu a apelação. Perdemos. Está em aberto no Fórum. Não devolvi nada e nem vou devolver porque não dei festa para ninguém e não contratei serviço de som. Quem fez que pague. Mas, voltando à doação. Há algum interesse público no caso? Qual? A OAB tem serviço social na cidade? Qual? Atuar gratuitamente quando requisitado pelo juiz não é serviço social. Quem trabalha na Defensoria Pública recebe. Ou a lei tem dois pesos e duas medidas? E onde está o Ministério Público? Ou o Ministério mudou de postura? Age quando quer e não no exercício da função? Ou somos nós, cidadãos, todos babacas e aceitar e ainda aplaudir o que fazem nossos "senhores" mandatários, que não têm fiscal para cobrar deles e muito menos superior para puni-los. Estamos fadados a um fim muito próximo. O desamor a esta terra é muito grande. Aqui se faz "fraternidade profissional" e política eleitoreira com aquilo que não pertence ao prefeito e nem aos vereadores de forma escancarada. Aqui o povo é preterido em tudo, na saúde, na educação, no saneamento, na segurança pública, no trânsito, enfim, como dizia Chico Anísio "que se exploda", mesmo os cofres da prefeitura estando cheio para a farra da campanha eleitoral na tentativa de eleger "o mano". Vivemos onde o preço da dignidade está no poder, mesmo que adquirido de forma suja e infame.

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