Chico Franco

Ao comemorar os seus cinquenta anos, o município de João Monlevade nunca teve um projeto de políticas públicas. Tudo o que temos foi realizado como necessidade premente, como obra urgente, haja vista o Departamento de Água e Esgotos, as redes pluviais, calçamentos e asfaltamentos, tudo por situações inadiáveis, inclusive escolas e postos médicos. Nada planejado e executado com visão futurista. Vivemos, até hoje, debaixo de um imediatismo que nos coloca reféns de grupos políticos. As campanhas eleitorais são feitas com programas de governo em que os candidatos prometem suprir o que nos falta. Passando na avenida Wilson Alvarenga num final de semana, enrolado no trânsito, veio-me a seguinte pergunta: o que será daqui a dez anos?Já passou da hora de nossas autoridades administrativas pensarem nisso. Se os anteriores erraram não pensando, não justifica que os atuais não pensem e não busquem soluções. Eu falei do Departamento de Água e Esgoto. Sabiam que ele foi construído no período de 1967/70, com capacidade para 60 mil habitantes e que, em 1987/88, Germin Loureiro, o mesmo que construiu o DAE, fez uma expansão para mais 15 mil habitantes, e até hoje ninguém pensou em nova expansão? Estão esperando o colapso para então providenciarem. Desde estudante que eu ouvia dizer que administrar é prever para prover. Mas não é isso que vemos. Ninguém está prevendo ou provendo coisa alguma. Aumentam espaço físico de um hospital mas não o dotam de profissionais para atendimento. Mudam o serviço de Pronto Atendimento de local, mas trocam seis por meia dúzia, pois continua a mesma coisa. Não se vê cursos de capacitação nem na saúde e nem na educação. Preocupam-se muito mais com a imagem do prefeito do que com as suas ações. Anunciam que o prefeito promete limpeza da cidade toda em 30 dias. Mas, e daí? Isso é serviço de rotina, que deveria estar sendo feito desde o dia da posse. Não confundir manutenção com realização. Por estas e outras razões, dentre as quais eu invoco a capacidade, é que joão Monlevade irá completar os seus 50 anos no próximo dia 29 sem ter o que comemorar, a não ser o aniversário, que nos soa, em razão de tanto descaso e até desamor, como uma data qualquer contada a menos num calendário de bolso.