sábado, 15 de agosto de 2015

Se o Brasil vai mal com questões políticas, econômicas, morais etc, o município de João Monlevade tem, proporcionalmente, também, as suas mazelas que atingem de cheio os seus munícipes, princialmente aqueles que carregam no peito algum amor por esta terra. Fico sabedor de um fato inédito que foge completamente às raias da imaginação e da gestão política. Funcionários de cargos comissionados da área de saúde recebem convocação para comparecerem em reunião a ser realizada numa residência particular no bairro Belmonte, ainda com ameaça de dispensa do trabalho caso não comparecessem. Uma administração que se preza não utiliza espaço residencial particular para fazer reunião administrativa. E mais: comandou a reunião o vereador Guilherme Nasser, que, ali, decidiu por quem seria dispensado do trabalho na dispensa realizada esta semana. Ora, contratação e dispensa de funcionários são atribuições únicas e exclusivas do prefeito. Transferir essa função para um vereador é equiparar os poderes executivos e legislativos a uma coisa só, quando não é isso que a Constituição determina. E este assunto nos obriga a pensar que o circo está armado para as próximas eleições, sob pena de se contrariar a Constituição Federal, a ética administrativa e o zelo que se deve ter na condução de um município. E a gente perde a confiança ainda mais quando o prefeito se desloca até a unidade da Arcelor Mittal para ver o que a empresa pode ajudar na reconstrução da barragem do bairro Areia Preta, e vê a negativa dele em revelar para a imprensa o que foi decidido. Nos faz acreditar que houve negativa total de ajuda por parte da empresa, o que resultaria em total falta de prestigio dele, ainda mais sabendo-se que, tão logo houve a queda da barragem, a Arcelor propôs entrar com R$2 milhões que seriam descontados no IPTU da empresa, e o prefeito recusou. Vem agora dispensa de 80 funcionários de cargos comissionados durante esta semana. Tudo bem, se a crise exige que se faça. Mas, pergunta-se: não seria melhor cortar as gratificações incorporadas aos salários de vários funcionários, todos eles da panela política do prefeito, a maioria também com cargos comissionados? Estamos às vésperas de uma eleição municipal. Acredito que eu enxergo mais esta situação do que o prefeito os seus problemas. Comparando-o ao seu antecessor, o vejo em pior situação. O seu antecessor sofreu os danos de uma péssima assessoria. E não enxergou. O atual sofre os danos de má condução de sua administração, porque não sabe antever, porque se preocupa com o que a imprensa fala e não com o que o povo comenta, razão pela qual não sai às ruas nem para inaugurar seus parquinhos de ginástica, talvez por medo. Ainda não percebeu que o mês que vem é marcado pelas chuvas e, se aquela encosta do bairro Areia Preta acabar de ruir, nenhum veículo, pequeno ou grande, passará por aquele local. Ainda não acordou para o fato de que, com chuva, a obra não pode ser tocada. E o pior: certamente que nenhum de seus secretários o alertou para estes fatos. Quando tudo acontecer, e tenho certeza que irá acontecer porque não há mais tempo nem para licitar a obra antes das chuvas, ele entrará no ano eleitoral raspando o zero na aceitação de seu governo. Aí lhe restará fazer o mesmo que fez o seu antecessor. Mudar-se da cidade sem dar adeus.

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