terça-feira, 8 de março de 2016
Até hoje não me manifestei sobre o problema da barragem de Mariana. Preferi ouvir, observar tudo e ir até aquele município, como fui, para verificar e então formar a minha opinião, que hoje convive com as demais. Porém, há uma questão em desacordo entre a minha e as demais. Concordo plenamente que a Vale do Rio Doce e a empresa australiana, cujo nome me foge à memória, que é sócia da Vale, como legitimas proprietárias da Samarco, tenham responsabilidade pelo ocorrido. Ninguém pode negar. Mas, estranha-se que os órgãos ambientais, responsáveis por fiscalizar a segurança da referida barragem, tais como o Ibama e similares, inclusive estaduais, bem como a prefeitura de Mariana, através de sua Defesa Covil, e Secretaria de Meio Ambiente, se é que a tem, estão todos comprometidos com o caso. Comprometimento técnico. Se não fiscalizaram, falharam. Se fiscalizaram e deram o ok, falharam mais ainda. É de se estranhar como foi permitida a formação de um distrito bem abaixo de uma represa de detritos minerais. Qualquer leigo que visse, anteciparia o risco e a catástrofe. As outras estão lá, fazendo o mesmo anúncio. Ninguém falou em providências para sanar uma outra catástrofe. Estão esperando acontecer de novo. Queira Deus que não, porque será pior.Na minha região, onde nasci e fui criado, Vale do Rio Doce, e me estendo até o Espirito Santo, onde estudei, lamentaram o barro que desceu pelo leito do rio, segundo os moradores, "que mataram o Rio Doce." Não, o Rio Doce agonizava. Parecia um córrego. Atravessava-se o Rio Doce pulando as pedras. Já não se via peixes nele. Eu tenho fotos salvas no face, colocadas nessa rede social, em que mostram o desaguadouro do Rio Doce, em Regência, a um quilômetro do mar. Eu tenho fotos do Rio Doce em Governador Valadares, Resplendor e Colatina, mostrando a situação do rio. Tenho artigo escrito por um primo, de família tradicional de Governador Valadares, lamentando a morte do rio e chamando-o de "herói". Tudo isto antes do rompimento da barragem. O que realmente matou o Rio Doce foram as descargas que ele recebeu, ao longo de muitos anos, de detritos da Belgo-Mineira, Acesita, Usiminas, Cenibra e as redes de esgoto de grandes cidades, Além do desmatamento da região ribeirinha. Estou escrevendo este texto porque vi hoje, na TV, manifestação na porta da Vale do Rio Doce, no Rio de Janeiro, o que aguçou o motivo, embora eu não conteste a manifestação. O que se observa é que estão acontecendo outros interesses, inclusive políticos, financeiros, chantagens e outros tipos de dinheiro fácil em toda essa historia. Apontar o dedo para as duas empresas proprietárias agora, é fácil. Mas, antever o problema e cobrar de outros órgãos responsáveis e afins, não vi ninguém.
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