terça-feira, 29 de abril de 2014

Se o Bio estivesse vivo hoje, exatamente 29 de abril, quando João Monlevade completa seus 50 anos de existência, vejo-me na mesa da cozinha com ele e dona Zarif, tomando café e comendo queijo, como fazíamos sempre, e ouvindo de sua voz: " Chico, eu sou um homem feliz. Todos os meus sonhos foram realizados. Formei os meus filhos, todos estão muito bem encaminhados, a cidade que adotei e a quem dei o meu respeito está aí hoje muito maior e mais populosa do que quando eu a encontrei, fiz tudo o que pude fazer por ela e acho que cumpri o meu dever." Conversa mais ou menos assim tivemos tão logo ele deixou a prefeitura em seu último mandato e já ciente do seu problema de saúde. Hoje ele diria a mesma coisa. Mas não é só isso, Bio. Você, Alberto Lima, José Loureiro, Wander Vanderley, Randolfo Moreira de Souza e Carlito Caldeira, com o apoio financeiro e lojístico de Geraldo de Paula Santos, Padre João, Alonso Batista Leite, Antônio Loureiro Sobrinho, José Machadinho e Olímpio Carvalho Lage, se entregaram a esta cidade quando ela era ainda distrito de Rio Piracicaba. A luta de vocês, que durou longos dez anos, com idas e vindas incessantes à capital mineira para assistirem reuniões da Assembléia Legislativa, juntar documentos ao processo e outros expedientes, foi penosa. A estrada era de chão. A falta de água tratada no distrito acusava um índice de mortandade em crianças que chegava aos 20%, em razão de uma bactéria nas águas das cisternas. Rio Piracicaba era surda aos apelos do distrito de Carneirinhos. A emancipação urgia em razão de vida ou morte. E o sonho foi realizado. Comemora-se hoje meio século da vitória. E você teve bons seguidores, Bio. Antônio Gonçalves foi um deles. Dr. Lúcio Flávio e Leonardo Diniz também. Pesou sobre eles o número de erros. Mas, caro Bio, saiba que na história política do município você continua imbatível. Além de presidir a Comissão Emancipadora, dirigiu o município por quatorze anos. E o fez com cidadania pela honradez e responsabilidade, deixando exemplos que nem sempre foram seguidos, infelizmente. E a cidade que você deixou, caro Bio, nestes mais de quinze anos, hoje está grande, não só no tamanho, mas nos problemas também. Esqueceram que uma cidade é como uma criança. Precisa ser amoldada para se tornar adulta. Educada para ser cidadã. Clinicada e limpa para que tenha saúde. E acima de tudo, amada para que seja feliz. E você, Bio, ao lado de Antônio Gonçalves, ainda têm a favor o fato de que foram os prefeitos em que as primeiras damas realmente existiram. Mas saibam que a memória do povo e principalmente das autoridades de hoje é muito curta. Nada há em nome delas na cidade. Os interesses politiqueiros preferem nominar até pessoas que nunca residiram nesta terra do que elas. A cidade hoje tem o mercado das fantasias, embora tão grande no tamanho como no desamor. Mas descanse em paz Bio, porque você cumpriu o seu dever e, de minha parte, posso dizer aos quatro ventos, que deixou um grande amigo que jamais o esquecerá.

2 comentários:

FERNANDO disse...

Fiel escudeiro .Grande Chico Franco

Unknown disse...

Meu amigo veja esse link

http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/novo-planeta-pode-ser-mais-parecido-com-terra-ja-encontrado-12204305