domingo, 3 de agosto de 2014

Muito se fala do período militar no Brasil, que alguns chamam de ditadura, algo controverso, complexo e impregnado de questões ideológicas onde o verdadeiramente real, quase sempre, fica debaixo do tapete. E observo como ninguém fala da ditadura civil que vivemos, muito pior do que a outra, porque nos obriga a situações que foge dos nossos limites. Alguns exemplos: pagamos impostos, em dia ou não, mas pagamos até por força de lei. Quando necessitamos de uma certidão de que estamos em dia com nossos pagamentos, temos que pagar para tê-la. Você paga para provar que pagou. Você comercializa um imóvel. Por lei, tem que pagar o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis. Paga. Se dirige à prefeitura para mostrar que pagou e solicitar a certidão, ela não o faz enquanto o crédito do pagamento não chegar até ela pelo sistema on line. Demoram somente doze dias. Os agentes públicos duvidam da autenticidade do registro bancário no documento, ou seja, duvidam que você pagou. Ele são muito honestos e todos nós uns salafrários, falsificadores. E o que podemos fazer? Nada, absolutamente nada. Pelo menos, em João Monlevade, cidade onde resido há quase meio século, é assim. Não era, mas ficou. Leio em alguns jornais que os prefeitos terão que repassar aumento de impostos de energia elétrica para a população. Vejam os senhores: o sistema elétrico em Minas Gerais é estatal. Tudo construído com o dinheiro público. É a Cemig. Você paga pelo que você consome de energia elétrica. No custo, estão embutidos todos os gastos da empresa. Aí vem os impostos que são nossos também. A empresa tem que dar lucro. Sabem por quê? Porque a Andrade Gutierrez, hoje, é detentora de 20% das ações da Cemig, vendidas pelo governo de Minas para fazer fundo de caixa. E o que podemos fazer diante de tudo? Nada. Pagamos o preço de uma ditadura civil. Vou voltar a citar João Monlevade como exemplo, mas sei que outras cidades estão na mesma situação.Há mais ou menos doze anos, o hospital de nossa cidade, que atende praticamente toda região, está sob o dedo administrativo de um grupo que investiu alto nele. Mas investiu na parte física. De melhoria assistencial mesmo foi só a reativação do CTI. O resto foi obra de construção civil.Até hoje a cidade não sabe quanto foi investido no hospital. O dinheiro veio todo do governo do Estado. Não se sabe quanto também. Comentários desairosos existem. E como existem! Bom, mas o relevante em toda história é que a imprensa de João Monlevade anunciou na semana passada que o hospital está com uma dívida de R$6 milhões, tudo em razão da defasagem do SUS. Mas o que foi feita de política em cima desse hospital nos doze anos, nem queiram saber. Só faltou a turma mandante, comandada por Danilo de Castro e seu filho, entrarem no hospital para as diversas inaugurações que aconteceram, com auréola de santos. Mas a pior notícia vem agora: cinco funcionários do hospital foram demitidos nesta semana. Outros 45 estão com os dias contados. Total de 50 demissões. Sabem o que é isso tudo? Ditadura civil, onde os poderosos de plantão fazem aquilo que entendem e nós, povo. nada podemos fazer para impedir, porque não temos nem acesso aos documentos das "grandes obras realizadas lá". para verificarmos se o NOSSO DINHEIRO estava sendo empregado corretamente.Enquanto isto, vamos vivendo a nossa ditadura civil, imposta pelos poderosos de plantão.

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