terça-feira, 3 de novembro de 2015

Eu tinha apenas dezenove anos e acompanhava via rádios e jornais todo o dia a dia da politica. Recordo quando 24 de agosto de 1954 a Rádio Nacional, através do Repórter Esso em edição extraordinária, anunciava o suicídio do presidente Getúlio Vargas. O Brasil, que já se sacudia com as noticias da prisão do chefe da guarda civil do então presidente, Gregório Fortunato, do atentado contra a vida do então deputado federal Carlos Frederico de Lacerda, à rua Toneleros em Copacabana, que culminou com a morte do major Vaz, da aeronáutica, com a consequente instalação do Inquérito no Aeroporto do Galeão, ficou em polvorosa. O inquérito, que se desenrolou por três dias e noites, com câmeras de TVs do mundo inteiro acompanhando tudo, descobriu que Gregório Fortunato havia retirado da Casa da Moeda alguns milhões de cruzeiros em notas prontas para serem colocadas em circulação, combinou com dois amigos de sua equipe de segurança, Alcindo e Climério, que fossem ao Vale do Rio Doce, região deles, e trocassem aquelas notas por outras circulantes, na base três por uma. Descobriu ainda que o atentado contra Carlos Lacerda foi coordenado pelo próprio Fortunato, usando os mesmos Alcindo e Climério, porque Lacerda havia descoberto tudo e que iria denunciar na Câmara Federal em sua reunião semanal (reunia-se uma vez por semana, quarta feira). Getúlio, que era gato escaldado, pois havia sido deposto em 1945 pela própria aeronáutica, apenas disse para o seu irmão Benjamin Vargas que estava num mar de lama, entrou para o seu quarto e deu um tiro no peito. Sessenta e um anos se passaram e eu fico a acompanhar os acontecimentos na politica brasileira. A expressão "Estou num mar de lama" me convocou a escrever o texto de hoje. E me mostrou situações mais deploráveis do que a de Getúlio Vargas. Ele tinha o Congresso nas mãos. E não se aproveitou disso para o bem político ou pessoal. Nem esperou os fatos se concluírem. O Congresso nunca se intrometeu na situação. Não foi preciso. Lacerda fez as denúncias no inquérito, quando foi ouvido. Mas hoje o jogo da safadeza e da podridão comanda a comédia. Roubam descaradamente de estatais, em construções de refinarias como aquela tal de Abreu não sei de que, esvaziaram os cofres brasileiros para encherem os la de fora através do BNDES, e mais, roubo por todo lado, aqui em Minas na venda de ações da Cemig para a Andrade Gutierrez, na venda da Loteria Mineira. naquelas obras realizadas em BH pela Camargo Correia, que nunca o Ministério Público tomou qualquer ação, no caso já denunciado em Furnas e vai por ai. E olha que a safadeza não tem cor partidária. Está tudo caindo de podre. Não precisamos de reforma politica. Precisamos de reforma de políticos. Reforma moral. E quem clama não sou eu. É o meu pais.O nosso pais. São nossos filhos e nossos netos. Tirar toda essa ralé, essa escória que comanda os destinos de nossa pátria de onde ela está e salvar o que ainda nos resta. E tudo estende-se aos Estados e municípios. Ou nós promovemos as mudanças ou o nosso sangue promoverá. A escolha é nossa.Porque, se com Getúlio estava "um mar de lama", conosco está oceanos.

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