segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Mario Moreno era simplesmente um jovem mexicano quando descobriu seu talento como cômico. Inteligente que era, logo procurou se adequar a uma personagem que se fixasse na memória do povo. Assim fez, o sucesso veio junto, ele se tornou famoso em todo México, o cinema foi o caminho mais curto para que ele abraçasse o mundo e o seu pseudônimo de Cantinflas casou-se com a sua arte. Além da calça caída bem abaixo do umbigo, ele trazia um bigode que o tornava mais cômico além dos efeitos que o tornaram o maior do mundo na época, exatamente quando Chaplin desaparecia e o norte americano Lewis não lhe fazia frente. No cinema fez apenas um filme que não teve comicidade, quando foi o principal coadjuvante em A volta ao mundo em oitenta dias. baseado no romance de Julio Verne, cujo tema era ficção naquela época. Em seu tempo, era usual que os cines colocassem cartazes nos pontos principais da cidade anunciando o filme. Recordo-me que vi muitas vezes as pessoas soltando gargalhadas somente ao verem as fotos. Eu mesmo fiz isso. Interessante é que todo filme dele sempre começava com a história daquele andarilho que se metia em determinada confusão e, ao final, saía como herói. Ele mesmo se produzia e se dirigia. Gostava de contra-pontos com o cinema americano, como, por exemplo, quando fez Nem sangue e nem areia, tão logo o filme Sangue e areia, estrelado por Tyrone Power, acabava de percorrer o mundo. Tornou-se muito rico e só não presidiu o México porque não quis, pois era por demais querido naquele país onde se tornou um dos maiores benfeitores do mundo, ajudando hospitais, creches e asilos, o que não lhe permitiu morrer com grande fortuna. Lembrei-me escrever sobre ele, de quem fui muito fá, para falar de um cômico brasileiro, que não chega a ser grande cômico, pois não causa nenhum efeito cômico, mas que se dedica às piadas e é recordista mundial em catalogar piadas, cerca de seiscentas mil, não sei se algumas de autoria dele ou não. Trata-se de Ari Toledo, que se projetou no mundo cultural brasileiro graças a uma música que ele gravou, de autoria de Carlos Lyra e Vinicius de Morais, música feita de gozação pela competente dupla da bossa nova, que fala do nordestino no Rio de Janeiro passando fome e comendo vidro. É bom que todos saibam que tem um brasileiro no Guines book com um catálogo de piadas e, quem sabe, possa juntar mais algumas do repertório político do nosso município.

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